domingo, 4 de novembro de 2012

Compreender o mundo para ser cidadão


Este texto foi escrito no dia 30/09/2012, para a disciplina de Geografia, Infância e Ensino.

RESENHA CRÍTICA

CALLAI, Helena C. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (org.). Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. 9ª ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2010, p. 83 a 134.



Compreender o mundo para ser cidadão

Hellena C. Callai, em “Estudar o lugar para compreender o mundo”, alerta para a importância de compreendermos que cada lugar faz parte também de uma realidade mais ampla. Não é possível fazer uma boa análise do espaço sem considerar que as escalas estão relacionadas: o regional, o nacional, o mundial, bem como outros recortes que podemos fazer, influenciam o lugar específico, da mesma forma que este lugar é constituinte do todo numa relação dialética, mesmo que a globalização nos mostre o mundo como fragmentado.
A autora apresenta o conceito de paisagem como uma importante ferramenta para analisar os lugares. Partindo de uma perspectiva, ou seja, um enquadramento, é possível identificar as marcas inscritas naquele espaço e, dessa forma, fazer uma interpretação da identidade do local. Neste ponto, a aliança entre a Geografia e a História se mostra mais uma vez necessária, pois a análise histórica do lugar é fundamental para entendermos como se deu a construção social daquele espaço e quais as implicações deste processo.
Callai caracteriza ainda os “não lugares”. Representados por aqueles espaços vazios que, em geral, são apenas de passagem. Seriam espaços que não são ocupados, ou seja, ninguém faz história ali. Traz como exemplos os shoppings centers, caixa-eletrônicos, supermercados, aeroportos e monumentos. Aqui devemos observar um possível equívoco da autora por não considerar que nos espaços citados existem pessoas trabalhando, que não devem ser ignoradas. Para essas pessoas, esses espaços são lugares e fazem parte de suas histórias, bem como compõe uma história para estes espaços. Portanto, se faz complicado chamar um shopping, ou um supermercado de “não lugar”.  Até mesmo uma via expressa, que é aparentemente só de passagem, pode ter um significado para alguém, apesar de não ter para a maioria.
O texto nos traz várias possibilidades de trabalho com alunos. Indica quais perguntas podemos fazer para caracterizar um lugar, e ressalta a importância da alfabetização cartográfica. É sensato explorar noções geográficas partindo das realidades que são próximas dos indivíduos. Analisar a geografia da escola, do bairro, do município pode ser de grande significação para os alunos.
Segundo Callai, é papel da escola partir dos conhecimentos prévios dos alunos, do senso comum, para a construção e assimilação dos conceitos científicos. Para tanto, o professor é fundamental no processo, e deve criar situações para que estes conhecimentos sejam construídos, incentivando uma posição ativa o aluno.
O professor de geografia deve possibilitar que o aluno aprenda a pensar. Em outras palavras, que o aluno desenvolva um olhar crítico sobre os espaços. Somente dessa forma, podemos formar cidadãos autônomos, que consigam exercer a liberdade de compreender o mundo para intervir em sua própria realidade.

2 comentários: